Por Débora Privat
Esse professor, advogado e filósofo pernambucano, conhecido no mundo inteiro como o patrono da educação brasileira, pautou a sua vida pensando e, melhor, agindo em como os menos favorecidos poderiam mudar a realidade a partir da brilhante forma de descortinar o conhecimento por meio da leitura e da escrita.
Para Paulo Freire a palavra Esperançar traz a acepção não apenas de esperar aquilo que é possível realizar, mas de confiar que é a partir da Ação que conseguimos a mudança pelos direitos fundamentais para todos.
Seu método revolucionário de ensinar adultos a ler e a escrever era pautado na contextualização da aprendizagem e no conhecimento prévio dos sujeitos (“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”), tornando-a significativa, onde a criticidade e a autonomia são elementos fundamentais para a emancipação das correntes simbólicas impostas pelo sistema de dominação.
Na data que Paulo Freire completaria cem anos, acadêmicos, políticos e personalidades prestaram reverências a essa figura que é tão genuína e até hoje ainda nos ensina que o desenvolvimento de uma nação perpassa pelo acesso à educação e pela necessária conscientização da luta de classes na busca de um mundo mais justo.
Lamentavelmente, o que vemos no Brasil é uma cultura de desvalorização da imagem do professor e a tentativa de desmontar a escola pública e, consequentemente, de enfraquecer tudo o que a mudança por meio da educação representa. Mas, cui bono?…
Apesar do acesso à educação de qualidade ser direito fundamental, ainda apresentamos índices alarmantes de analfabetismo, com 11 milhões de brasileiros não alfabetizados (segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua – 2019).
Por tudo isso, os investimentos na educação são imprescindíveis para a transformação do quadro político que não atende às necessidades de avanço da nação, a redução da pobreza, ao bem-estar pessoal e social de todos e a ampliação do crescimento econômico.
Nessa perspectiva, “Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.” FREIRE, 1988.
Débora Privat
Coord. Pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Lauro de Freitas