A anulação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidida pelo juiz responsável pelos casos da Operação Lava Jato na Suprema Corte brasileira, restabelece os direitos políticos daquele que foi o presidente que mais fez pela educação no Brasil. O farto material que comprova a parcialidade do juiz que o julgou, dos procuradores de justiça que o perseguiram e do conluio formado entre a Operação Lava Jato e a grande mídia comercial brasileira, que repetia diuturnamente as mentiras por eles forjadas, já impunha a sua necessária absolvição.
Mas se chegar a essa conclusão hoje é um imperativo ético, nem sempre foi assim para todos: a repercussão incessante das mentiras contadas conquistou corações e mentes de muitos, que acreditaram se tratar de uma operação judicial que estava combatendo a corrupção no país. No entanto, desde sua primeira condenação ainda em 2017, em um processo que subverteu toda a lógica do Direito Penal, a CNTE já percebia uma movimentação clara de perseguição contra o Presidente que colocou o país como um dos grandes atores globais. O objetivo sempre foi, de forma seletiva, o de excluir o ex-presidente Lula das eleições gerais do país em 2018. E assim foi feito, possibilitando a eleição para a Presidência da República de um projeto de ultradireita que representa, hoje, um verdadeiro caos econômico e sanitário em tempos de pandemia, perseguição aos sindicatos e movimentos sociais, desmonte deliberado das políticas educacionais construídas no país nas últimas décadas e ataque às políticas de proteção ao meio ambiente e de direitos humanos.
A sua injusta prisão, ainda naquele ano de 2018, foi vendida como ato heroico em nome do ineditismo de se aprisionar os ricos e poderosos no Brasil. Depois de ter destruída a sua reputação pública pela imprensa nacional, em um ardiloso processo combinado com o juiz e os promotores, Lula nunca se rendeu. E ao seu lado ficaram os educadores e educadoras do país. A CNTE teve a coragem de, na contramão daquela opinião pública forjada na mentira, assumir como bandeira de luta a liberdade para Lula e realizou em 2019 todas as suas atividades presenciais em Curitiba, onde o ex-presidente se encontrava preso: reuniões de nossa direção e do conselho das nossas entidades filiadas, além de seminários políticos e pedagógicos, cumpriram sua agenda na capital do Estado do Paraná. Para denunciar o ataque à democracia que aquela injusta prisão representava, possibilitar a solidariedade a Lula pelos educadores e educadoras de todo o país e oferecer o nosso apoio e compromisso político junto ao acampamento formado à porta da sede da Polícia Federal brasileira, fizemos daquela cidade nosso palco e local de encontro.
Assim, o grito pelo Lula Livre da CNTE ganhou o mundo! O 8° Congresso Mundial da Internacional da Educação, realizado em Bangkok, na Tailândia, aprovou moção solidária ao ex-presidente. Os dirigentes da Internacional da Educação para América Latina (IEAL) visitaram o Brasil e encontros como o Movimento Pedagógico Latino-americano e da Red Mulheres aconteceram em Curitiba para, dessa forma, nos unimos a todos os sindicatos de trabalhadores da educação da região e denunciar aquela injusta prisão! Não foi fácil ser um farol de convicção naqueles momentos difíceis. Como disse Catarina de Sena, filósofa escolástica italiana do século XIV, a verdadeira virtude se manifesta na adversidade. Como foi difícil falar em justiça quando a arbitrariedade orientava a ação de todos! Como foi pesado o fardo de defender um perseguido quando todos acreditavam na sua culpa!
Mas a essa tarefa histórica a CNTE não se furtou de cumprir! E contou com a solidariedade de educadoras e educadores de todo o mundo! A estes, nós agradecemos agora da forma mais calorosa possível. Às nossas mais de 50 entidades sindicais filiadas em todo o Brasil, que jamais se omitiram dessa luta, nós agora nos abraçamos efusivamente! Lula Livre foi nossa bandeira! Lula, agora, é a nossa esperança em restabelecer a democracia no Brasil! Viva a justiça e a verdade, que podem tardar, mas raramente falham ao repertório daqueles que lutam!
Brasília, 09 de março de 2021
Direção Executiva da CNTE