A era da pós verdade é marcada pelo total descompromisso com a mínima fundamentação dos enunciados discursivos. Esta conjuntura semiológica produz a grave desvalorização dos profissionais da Educação Escolar, uma vez que pouco se faz necessária a formação daquela ou daquele que se dedica a lecionar sobre uma disciplina específica. Estamos vivendo o absurdo do tempo em que as supostas acusações feitas por detratores de um sujeito histórico valem como possíveis argumentos, mesmo que não existam evidências documentais claras que sustentem um determinado argumento. Assim procedeu o ministro do Meio Ambiente do atual governo federal ao falar do sindicalista Chico Mendes.
Ao citar supostos críticos, a quem ele nomeou o “pessoal do Agro”, o ministro insinua que esse pessoal tem a “opinião” de que Chico Mendes era um grileiro. Ora, estamos falando dos anos 1980. Não é tão difícil consultar inquéritos policiais, imprensa da época para concluir ou não se o famoso ativista da Amazônia era ou não praticante de grilagem, no entanto, na era do obscurantismo que assola o país, é suficiente para um ministro de Estado citar uma entidade enigmática chamada “Agro” e com isto ter um forte “argumento” contra uma liderança mundialmente reconhecida.
Assim se passa o mesmo com Paulo Freire. Assim foi quando mataram Mariele e prontamente havia acusações diversas, até de que a mesma tinha relações com traficantes. É uma era tosca na qual a estupidez e a ignorância viraram charme e consequentemente a Educação Escolar tende a uma profunda desvalorização.