Massacre na escola: violência, armas e educação

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Faz um dia que 5 estudantes, uma professora de filosofia e uma profissional da educação foram assassinadas na Escola Raul Brasil em Suzano. A ASPROLF se solidariza com as famílias das vítimas e vê com assombro e indignação declarações de autoridades públicas, ligadas ao governo Bolsonaro, quando afirmam que “se os professores estivessem armados evitariam o massacre”. A arma dos professores são a leitura e a conscientização emancipadora. A educação é capaz de criar e apontar caminhos para um Brasil melhor, com menos violência. A violência só gera mais violência, não consegue criar a novidade, limita-se a destruir.

Os dois jovens assassinos de Suzano eram brancos, de classe média e tinham acesso às redes sociais no conforto de suas casas. Os atiradores, Luiz Henrique e Guilherme Taucci, eram frequentadores do Dogolachan, grupo de internet racista e intolerante, que celebra e incentiva a violência. Grupo como outros grupos de jovens e mais jovens infectados e disseminadores de discursos violentos crescentes no país.  Após o crime cometido, vários desses agrupamentos festejaram a chacina.

A ASPROLF vê com assombro um governo que abusou de discursos de violência para chegar ao poder, mas que ao chegar não os abandona.  O Brasil precisa de paz, que só virá com o combate às desigualdades sociais e não com mais ódio e mais armas. A proposta de facilitar o porte de arma de fogo em áreas urbanas vai na contramão do bom senso e de inúmeros estudos, avaliações e pesquisas realizadas em países que trabalham com o princípio de que a política de segurança pública é resultado de investimentos em ciência, tecnologia, formação, inteligência policial, investimentos em educação e do combate sistemático à desigualdade social.

As armas de fogo em nosso país são empregadas para assassinar, em especial, jovens negros e pobres. Somos campeões mundiais em assassinatos de adolescentes jovens por armas de fogo. O Atlas da Violência divulgado no ano passado revela 62,5 mil pessoas assassinadas no Brasil em 2016, confirmando a tendência de maior violência contra jovens e negros: A taxa de homicídios de negros (pretos e pardos) no Brasil foi de 40,2, enquanto a de não negros (brancos, amarelos e indígenas) ficou em 16 por 100 mil habitantes..

A chacina de ontem poderia ser evitada com política preventivas, de atendimento do Estado às famílias. Um dos jovens atiradores havia sido expulso da escola por atos de indisciplina. Vizinhos de onde residia afirmaram que sua família apresentava problemas de convivência. Experiências mundiais de sucesso para reduzir atos de violência e agressão em escolas de ensino básico e que são registradas e premiadas pela UNESCO sugerem estas intervenções com as famílias.

Lauro de Freitas precisa se definir. O combate à violência e aos discursos que geram e incentivam a violência passa, necessariamente, pelo fortalecimento da educação pública. Não é com atraso no início das aulas, com falta de cuidadores e auxiliares de classe, com falta de manutenção nas escolas que construiremos uma cultura de paz ou uma cidade referência em educação que confronte o modelo de Estado violento e destruidor de direitos.