Na tradição cristã, o natal é a Festa dos pequenos, o nascimento da esperança. No natal, as lógicas dos poderes se invertem. O Todo poderoso Deus torna-se criança frágil, nascida numa periferia da periferia do mundo, precisando de cuidados dos mais pobres daquela época e região. Em oposição a esse cenário, encontramos o poderoso Herodes. Nascido em berço de ouro, entra em pânico porque um Rei nasceu fora do palácio, em berço de palha. A luta dos nascidos em berços de palha para sobreviver aos desmandos dos nascidos em berços de ouro não começa aí, mas, no primeiro natal, toma contornos surpreendentes.
O poderoso Herodes fez o que ainda hoje é feito, arquitetou uma política de morte. Mandou matar todas as crianças da época num episódio marcado na literatura como “o massacre dos inocentes”. Hoje em dia, os massacres dos pequenos, dos mais pobres, continuam a ocorrer, nas periferias e nos guetos nas cidades e no campo. No entanto, a política de morte é hoje maquiada. Retiram dos menores o mínimo necessário para a sobrevivência, como saúde e educação e utilizam-se do poder bélico do Estado para nos matar, seja com 81 tiros certeiros ou com balas precisamente perdidas.
Surpreendentemente o recém-nascido Deus assume a fragilidade dos menores e dos mais expostos às violências instituídas, foge e sobrevive. O refugiado Deus é o sinal de que o Poderoso Deus vendo as injustiças do mundo fez uma opção radical pelos mais frágeis, pelas periferias, pelos destituídos de poder. Deus nasce sem-poder para empoderar e trazer esperança a todas e todos os “desapoderados, empobrecidos e excluídos” pelas lógicas opressoras. A nova humanidade, inaugurada no natal nos torna a todos filhos e filhas de Deus dissipa as hierarquias do mundo e inverte a lógica do poder.
Com essa esperança, desejamos à todas e todos os trabalhadores em educação que a luz do Natal ilumine nossos caminhos e nos dê forças para continuar fazendo da educação uma arma contra as desigualdades e contra as políticas de morte que ainda atuam para exterminar os mais pobres. Que a luz e a esperança do natal nos deem força para a grande luta por justiça que começamos a travar: 60% é do Magistério, não abriremos mão.