Ana Selma Moreira
Viva o mês de setembro que nos presenteou com a pessoa de Paulo Freire, grande educador, que nasceu em 19/09/1921, no estado de Pernambuco.
Ilustre professor brasileiro, aclamado no mundo todo. Pessoa sensível, ética, onde deu grande valor à educação, particularmente a “educação popular”.
Sua história tem início nos finais do ano 50, onde idealizou essa educação popular tentando influenciar a conscientização política do povo a favor da emancipação cultural, social e política das classes menos favorecidas e oprimidas da sociedade brasileira.
Freire, amante do diálogo, sendo o próprio criador do diálogo humanitário, queria mudar o mundo, através da educação, onde usou a palavra encaixamento para expressar a mudança, tirando do isolamento social o ‘aprender’, trazendo à superfície a conscientização política do fazer uma educação para todos! Encaixar o aprender para a leitura do mundo, transformando-o, que o dialogar de
Não é à toa que este grande educador é ouvido, elogiado até nos dias de hoje! Dizia que as crianças precisavam aprender brincando, e que, para ser professor era necessário gostar de viver. Declarado Patrono da Educação Brasileira em 2012, pela lei 12.612, no governo de Dilma Rousseff, deixa seu legado e exemplo para todos nós, educadores brasileiros.
Dizia mais, que para se tornar um pedagogo era necessário modificar o mundo para renová-lo pois o mundo não estava bom e sim doente, que a educação nunca foi direito no Brasil e sim vista como privilégios de alguns. Apoiava uma educação para todos.
A ditadura tentou ofuscar seu brilho, o chamando de comunista, longe dele tal título, era sim, um homem do povo. Ficou longe do Brasil por 16 anos, terrível momento para os brasileiros, mas um privilégio para outras nações que conheceu e divulgou seu trabalho, seus ideais renovadores para o mundo. No seu retorno para o Brasil teve que reaprendê-lo, buscou compreender o atual momento que estava vivendo a educação no país e mais uma vez foi idealizador, onde percebeu que a justiça social não estava presente, transformou a educação em um ato humanitário, se envolveu com a cultura popular trazendo novos horizontes.
Homem de muitos títulos, nunca deixou de ser um cidadão brasileiro, simples, fez parte de uma geração de intelectuais que combateu o fascismo com muito rigor, usou a filosofia, a sociologia para bater de frente com o analfabetismo com uma grandeza única! Sua leitura radical trouxe o ódio da elite opressora. Ele falava que o povo brasileiro tinha uma riqueza fora da gramática erudita.
Idealizador, sempre com a palavra coerente na ponta da língua, tinha comunhão profunda com a vida e a educação, para ele uma não andava sem a outra, dizia que todas as pedagogias eram opressoras. Plural, coletivo, harmonioso, radical, a pedagogia para ele foi feita para contemplar uma nação nunca o contrário, que a escola ideal não era a unitária e sim global. Sua fala combatia as escolas que traziam no seu currículo a cultura europeia, que a cultura popular que era capaz de transmitir valores locais e reconhecimento. Freire estava permanentemente aberto por saber, pronto para aprender, não perdia nada, para ele o aprender era constante e valoroso, tinha fome de educação, era envolvido com tudo que respirava educação. Inventor de palavras que criavam sempre para expressar e explicar o que queria dizer de uma maneira simples e clara. É preciso rigor para pronunciar Paulo Freire pois seu lugar no mundo garantiu ser reconhecido por sua obra espetacular na educação, contribuindo tanto na educação, como nas ciências, como nas artes, não foi à toa que sua metodologia dialógica machucou até nos dias de hoje os governos fascistas, as classes dominantes. Estamos vivenciando nos dias atuais manifestações contrárias ao seu trabalho onde conservadores, mais uma vez, tentam ocultar seu nome. Não podemos esquecer que somos frutos desse grande educador, somos educadores das classes oprimidas, foi por causa da sua valorização pelo povo que surgiu cada um de nós e vamos fazer o favor de conscientizar a população, sermos freirianos, isso implica enfrentamento, seremos capazes de continuar a mudar o mundo. Em certo ponto temos a obrigação de reconhecer que cada indivíduo que educamos são pessoas capazes de trazer nas suas raízes heranças de nossas memórias, valores e saberes únicos, nossas, não de outros, e que toda bagagem que trazemos nos basta para sermos uma grande nação!
Herança de uma cultura diversa, rica, plena, que brota de cada canto do país, nos mais remorsos lugares, afinal, qual a educação que deixaremos para nossos filhos, netos?! Nossa luta é realmente freiriana? Seguiremos o legado de Paulo Freire? Lembramos, a educação é política e o povo precisa tomar posse e consciência disso para continuar a construir e crescer o país. As nossas propostas pedagógicas devem ser incorporadas nas comunidades onde nossas escolas estão inseridas, propostas de consciência política, de cidadania, de dignidade e justiça. É urgente resgatar a importância de Paulo Freire no nosso meio, tanto para nós, educadores, como para o público estudantil.
Ana Selma Monteiro Lopes Moreira – Professora do Município de Lauro de Freitas. Pedagoga, Pós-graduada em Neuropsicopedagogia