Diretoria, professoras e funcionários da escola foram surpreendidos por ameaças e intimidação de um pai de aluno
Sempre se soube que a escola é o local de aprendizado de civilidade, conteúdo e harmonia entre a comunidade escolar e responsáveis pelos alunos. Mas essa regra foi quebrada nesta segunda-feira (22) quando o pai de um estudante de iniciais MSB, de 11 anos de idade, invadiu a escola municipal Loteamento Santa Júlia, em Itinga, e ameaçou e agrediu moralmente a diretora Luzinete Lima e a vice, Marilene Silvestre.
Tudo começou quando o aluno usou um xingamento dentro da sala de aula e a professora de matemática pediu que ele se retratasse, já que tal atitude é uma falta de respeito à docentes e aos colegas de classe. O estudante não se retratou, o caso foi levado à diretoria da escola que pediu a presença dos pais da criança no ambiente escolar para discutir o assunto. No mesmo dia, o pai do aluno esteve no local e bastante alterado agrediu moralmente a diretora e a vice da unidade de ensino e disse que ela (a diretora) não sabia com quem estava mexendo, e que iria ao prefeito Marcio Paiva, “com quem ele tem moral”, pra que ela seja demitida. Ele voltou hoje (24) à escola e fez novas ameaças.
Emocionalmente abalada, a professora Luzinete Lima disse que foi à SEMED – secretaria municipal de educação – relatou o fato. Prestou queixa também na delegacia de Itinga onde fez um boletim de ocorrência. Além disso procurou a ASPROLF – Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Lauro de Freitas, que está apoiando e acompanhando o caso. Amanhã a ASPROLF juntamente com professores da Escola Municipal Loteamento Santa Júlia farão uma mobilização contra a violência nas escolas sofrida por professores e toda a comunidade escolar.
No dia seguinte a secretária de educação do município, Adriana Paiva esteve na escola para esclarecer os fatos e prestou apoio à direção da escola, inclusivo no ato do registro policial da ocorrência. O fato também foi passado para a Procuradoria de Justiça do Município que vai investigar o caso e tomar medidas cabíveis. De ante mão, a SEMED solicitou documentos do levantamento pedagógico e administrativo da escola, já que o pai do aluno afirmou que os professores são faltosos e incompetentes; para reunir provas da boa conduta da instituição junto à comunidade escolar. A SEMED pretende também pedir a transferência do aluno, para uma escola mais próxima da residência dele. Duas unidades de ensino foram disponibilizadas para receber o aluno.
A diretora Luzinete enfatiza que o aluno, pivô da situação, é na verdade, vítima de toda essa situação já que o estudante é bem sucedido em aprendizado e nota, e tem apenas problemas de comportamento, que poderiam ser resolvidos se houvesse um apoio correto dos pais. “Com 23 anos de docência, não pensava viver isso. As coisas estão se perdendo no tempo. O papel da escola é de mediação de conteúdo e conhecimento; a educação doméstica é de responsabilidade dos pais e responsáveis”. A vice diretora Marilene Silvestre também demostrou preocupação com o fato e disse que a maior preocupação é não permitir que acontecimentos como esse virem rotina nas escolas, até porque, é uma situação de ameaça não apenas para o professor, mas para outros alunos também. Ela pede ação das autoridades competentes pra que não deixem que pior aconteça.
A mobilização de amanhã é justamente para conscientizar a comunidade escolar e pais e responsáveis de aluno para esta realidade. Antes está programada uma Comissão que vai reunir professores e a secretária Adriana Paiva para novamente discutir o assunto. O protesto acontece durante toda a manhã na Escola Municipal Loteamento Santa Júlia, no bairro de Itinga, Lauro de Freitas.