Assembleia dos profissionais da educação define suspender aulas síncronas até que a prefeitura ofereça as condições para que essas aconteçam. A decisão é uma resposta ao descaso do governo com as aulas remotas.
Em assembleia geral extraordinária realizada na tarde de ontem (6), centenas de trabalhadores da educação reuniram-se remotamente para deliberar acerca da resposta do governo municipal sobre o Estado de Greve deflagrado pela categoria desde 1º de junho. O Estado de greve, por sua vez é uma resposta dos trabalhadores ao constante descumprimento de acordos.
O presidente da Asprolf, Valdir Silva, iniciou a assembleia relembrando que foi dado o prazo de até hoje para que o Executivo apresentasse respostas para as reivindicações. Entre os pontos em destaques para resposta – e que novamente tiveram o acordo quebrado – está o desdobramento dos profissionais Auxiliares de Classe, que mais uma vez não foi pago, prejudicando o segmento.
Valdir apresentou, para ser apreciado pela assembleia, um documento do Executivo, onde foi descrito um ‘cronograma de compromisso’ para o cumprimento das pautas.
Nos destaques, sobre o precatório, o argumento da Prefeitura é que precisa de uma segurança jurídica por isso ela afirma que já judicializou uma ação sobre o uso da verba para pagamento aos professores; os processos de estabilidade econômica e incorporações, a SECAD diz que “estão sendo finalizados e que vai construir um cronograma de publicação com pagamento a partir de 2022”; a avaliação de desempenho 2018, deverá ser paga em agosto; o pagamento do desdobramento dos Auxiliares de Classe, ficará para a folha de julho com nova a promessa da previsão de um calendário de Enquadramento a partir do mês de setembro.
As respostas, não atenderam às expectativas da categoria que durante todo o momento reclamou da precariedade das aulas online: “o sentimento é de que somos invisíveis da para Prefeitura. Estamos em julho e nada mudou. Nossos processos continuam presos, as escolas seguem com a infraestrutura comprometida, e o pior, as aulas online continuam sendo negligenciadas pela prefeitura,” desabafou uma professora que, junto com outras, reclamaram que não tem aparato tecnológico para promover as aulas.
Como na assembleia anterior, os professores relataram dificuldades para ministrar as aulas. “Um ano já passou e até agora a SEMED não entregou os tablets aos alunos e muitos deles não estão acompanhando as aulas”. Eles apontaram as repetidas promessas do Executivo Professores e Auxiliares de Classe estão trabalhando além de suas cargas horárias sem equipamento e programa adequado; usando apenas o próprio celular (alguns deles confessaram não ter nem mesmo notebook), não é moderno, está sobrecarregado de conteúdo e grupos de Whatsapp das turmas de alunos, quando a Prefeitura tem o recurso pra comprar tablets, notebooks, programa pra transmissão segura das aulas remotas e não faz. “É ou não é descaso? São R$118 milhões de reais do plano de aplicação pra educação.”
Inconformados, os docentes relataram diversas situações de dificuldades com as aulas online, do ponto de vista dos alunos que não tem acessibilidade garantida para acompanhar as aulas. “Eu trabalhava com mais de 200 alunos nas 6 turmas, agora não chegam nem a 50 crianças, este é o reflexo da falta de acessibilidade que a sociedade lá fora não vê e a prefeitura não se importa. Temos que fazer a sociedade enxergar o que está acontecendo na Rede Municipal de Ensino Lauro de Freitas”.
A categoria deliberou pela 1. manutenção do Estado de Greve; 2. série de mobilizações com plenárias online que vão debater a realidade da educação; 3. construção da Carta de esclarecimento à sociedade, e Carta Pública direcionada à presidência do Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Lula, também nos diretórios nacionais do PT como forma de fazer saber em âmbito nacional a situação dos professores de Lauro de Freitas; 4. reunião remota viabilizada pelos Conselhos (CME, Fundeb e CAE), com a categoria e a prefeita Moema Gramacho, para que Moema responda aos Conselhos que são órgãos fiscalizadores, responda o porquê das quebras de acordos e descumprimentos de pautas primordiais para a educação; 5. também foi decidido que A PARTIR DA SEGUNDA-FEIRA (12), NÃO HAVERÁ ATIVIDADES SÍNCRONAS, APENAS ASSÍNCRONAS. As atividades serão encaminhadas para as escolas que deverão imprimir e entregar aos pais dos alunos. “Esta é uma forma de pressionar o Executivo a atender a necessidade mais que urgente da educação: investir na acessibilidade dos alunos às aulas online, que não tem tecnologias com internet; e também dos professores, não tem condições nenhuma de bancar uma estrutura de um recurso tecnológico, prometido pela prefeitura há quase dois anos.”
Uma nova assembleia já está programada para a primeira semana do mês de agosto, quando será avaliado o avanço do movimento.
Realmente temos que nos posicionarmos diante dessa situação.
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